Algumas
regras de hifenização são clarificadas e sistematizadas com esta reforma.
Podemos
dividir as mudanças em três grandes grupos:
as
palavras que incluem unidades não autónomas,
as
palavras que se juntam a outras palavras
e, por fim,
o
caso do verbo haver.
Unidades não autónomas + palavra (agro+pecuária = agropecuária)
Uma
das formas mais produtivas de formar palavras em português consiste na junção
de unidades não autonómas (isto é, elementos que não são palavras independentes)
a palavras, alterando-lhes o significado.
Antes
desta reforma, as regras que determinavam como se dava essa junção, utilizando
ou não o hífen, eram difíceis de aplicar e geravam muitas dúvidas.
Com
o Acordo Ortográfico, os elementos deste tipo passam a escrever-se por princípio sempre junto à palavra a que se
associam, sem hífen, como nos casos de antirrevolucionário, eurodeputado,
psicossocial, telegénico ou ultraligeiro.
No
entanto, mantêm-se algumas exceções.
Assim,
os elementos de formação continuam a separar-se
com hífen da palavra a que se associam quando:
>> a palavra a que se juntam começa pela letra <h>:
anti-histamínico,
contra-harmónico;
>> a palavra a que se juntam repete a letra com
que terminam:
araui-inimigo,
micro-ondas;
hiper-realismo;
>> terminam com <n> ou <m>
e a palavra a que se juntam começa por uma destas consoantes ou por vogal:
circum-navegação;
pan-nacional;
>> terminam com <b> ou <d>
e a sua aglutinação provoque uma leitura que não reflita a pronúncia da palavra:
ad-rogar,
sub-regulamentar;
>> são: sota-, soto-, vice-,
vizo-, grão-, grã-
ou ex- (com o sentido de anterioridade):
vice-presidente,
grão-vizir,
ex-marido;
>> são acentuados graficamente:
pré-reforma,
pós-verbal.
>> a palavra a que se juntam é um
estrangeirismo, um nome próprio ou uma sigla:
anti-apartheid,
anti-Europa,
mini-GPS.
A
regra que impede que se juntem elementos de formação a palavras que começam
pela mesma letra não se aplica a prefixos átonos como co-, pre-, pro- e re-, em
linha com o que tem sido tradição em português.
Assim,
mantêm a sua forma palavras
como
cooperante,
reelege e
preencher.
Do
mesmo modo, formas como
desumano,
inábil e
reaver,
em
que tradicionalmente o prefixo não é separado da palavra a que se junta embora
esta comece por <h>
(que cai), também não passam a ser
hifenizadas.
fim de
semana, mulher a dias
Palavra + palavra
Não se usa hífen em locuções de qualquer tipo.
Do
mesmo modo que já escrevíamos sem hífen outros tipos de locuções, agora também
não o usamos nas locuções substantivas, isto é, no encontro de duas ou mais
palavras que exercem a função de um nome, como nos casos de dia a dia, fim de semana, mulher
a dias ou ponta de lança.
Devem,
no entanto, escrever-se com hífen as sequências que designem espécies botânicas ou zoológicas,
mesmo que pela sua estrutura pudessem ser consideradas locuções.
Assim,
o correto é fava-de-santo-inácio
e andorinha-do-mar.
hei
de, há de, hás de
Verbo haver
As formas do verbo haver com apenas uma
sílaba
hei,
hás,
há,
hão
deixam
de ser ligadas por meio de hífen à
preposição de que o verbo seleciona:
hei de,
hão de.
A
supressão do hífen nestes casos elimina mais uma exceção, uniformizando a
escrita destas formas com a restante conjugação do mesmo verbo - havemos de, haveis de, haveriam
de, etc. -, assim como com todas as formas verbais com uma sílaba que
selecionam uma preposição, como nos casos de sais de, faz de
ou vem de.
O
emprego do hífen noutros casos em que duas ou mais palavras independentes se associam
não sofre alterações.
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